quarta-feira, 29 de abril de 2009

O cervo e o leão

Um cervo premido pela sede foi atrás de uma fonte. Ao se abeberar, viu seu reflexo na água. Ao mesmo tempo que tinha orgulho dos seus chifres que se esgalhavam, mortificava-se com as pernas finas e frágeis.Ao ver surgir um leão, parou de pensar. A perseguição começou.O cervo levou vantagem por se distanciar muito do leão, pois a força dos cervos está nas pernas e a dos leões no coração. Enquanto estava em campo aberto, o cervo manteve uma distância salvadora. Mas, ao entrar num bosque, os chifres se emaranharam nos galhos das árvores; interrompida a fuga, ele caiu nas garras do leão. Quando estava morrendo, disse a si mesmo:

- Pobre de mim! Eu achava que minhas pernas me atrapalhavam e foram elas que me salvaram; acreditava em meus chifres e eles me traíram.

Assim acontece muitas vezes, quando o perigo nos ronda. O amigo em que não acreditávamos nos salva, e aquele com que contávamos nos trai.


ESOPO
Fábulas L&PM Pocket, pág 46.

sábado, 25 de abril de 2009

Palíndromo

Palíndromo: Um palíndromo é uma palavra, frase ou qualquer outra sequência de unidades que tenha a propriedade de poder ser lida tanto da direita para a esquerda como da esquerda para a direita. Num palíndromo, normalmente são desconsiderados os sinais ortográficos, assim como espaços entre palavras.
A palavra "palíndromo" vem das palavras gregas palin ("trás") e dromos ("corrida").
Rômulo Marinho, veterano palindromista brasileiro, propõe classificar os palíndromos em:


Expliciti - trazem sempre uma mensagem direta, clara e inteligível, como "Socorram-me, subi no ônibus em Marrocos” (palíndromo de autoria anônima, provavelmente o mais conhecido em língua portuguesa).

Interpretabiles - têm coerência, mas requerem esforço intelectual do leitor para serem entendidos, como "A Rita, sobre vovô, verbos atira."

Insensati - cuidam apenas de juntar letras ou palavras sem se preocupar com o sentido, como "Olé! Maracujá, caju, caramelo."


Adaptado da Wikipédia: Mais


Outros exemplos:

A vida ralará Diva. - Expliciti
O trote é torto. - Insentsati
Assim a dívida missa. - Insensati
Raul me tem luar. - Insensati

Caroline Mendes.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Amor Próprio - Caroline Mendes

Amor Próprio

Eu, durante toda a vida
Tenho a mim para tudo:
Rio, choro, caio, levanto
Enxugo o meu pranto.

Desde o nascimento
Até a minha morte,
Eu estarei comigo
Como único amigo!

A mim é difícil enganar
Ou mesmo machucar
Pois quem me entende
Senão eu? ...Compreende?

Mermaid, por John W. Waterhouse

Caroline Mendes

sábado, 18 de abril de 2009

Uma Frase

"O homem é senhor de seu silêncio e escravo de suas palavras."
Sempre ouço sobre o cuidado que devemos ter com as palavras, que a partir do momento em que as pronunciamos elas não voltam atrás e etc.
Eu poderia escrever um texto imenso sobre esse assunto, mas acho que essa frase (acima) sintetiza tudo.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Para um amigo - Caroline Mendes

Para um amigo

Noites e noites passarão
E tu estarás comigo,

Como um grande amigo

A acolher lágrimas de emoção.


Tu, que me escutas,

Sem precisar nada dizer.
Enquanto te abraço, a crer

Que em teu abraço mergulho.

Tu, que tanto me ajudas
Sem esperar nada em troca
Posso te amassar e machucar

E não terás amarguras.

Para uma menina carente,

Tu és mui doce e suave.
És também um sonífero:
Meu travesseiro paciente.


Caroline Mendes



Flaming June, por Frederic Leighton.




quinta-feira, 9 de abril de 2009

O homem que pintava o futuro - Caroline Mendes

O homem que pintava o futuro

Colocava-se um ovo,
E ele pintava uma ave.
Encantava todo o povo;
Trabalhava com classe.

Colocaram uma vez,
À frente dele o mundo.
De um branco, palidez,
Ele pintava o fundo.

O que antes era mar,
Do azul, ficou preto.
E o verde a verdejar,
Marrom ficou, muito feio!

Quando a tinta secou,
Expuseram na galeria
Todo o mundo chorou,
Acabou-se a alegria!

Mas o pintor, consciente
Mirabolou uma ideia:
Chamou toda a gente
Para ver uma estreia.

Pegou a triste tela
E quebrou-a ao meio
Mostrou uma aquarela
Retratando o mundo inteiro
.
E o presidente veio
E também outros povos
Todos entenderam
A mensagem do pintor
.
Queria ele outros novos
Cenários puros para imaginar!
E poder pintar, imaturo:
Um novo e belo futuro!
.
- Caroline Mendes
.
Self-Portrait, por René Magritte, 1923

quarta-feira, 1 de abril de 2009

A raposa e as uvas - Caroline Mendes.


A Raposa e as Uvas


Uma raposa estava com muita fome e viu um cacho de uvas numa latada. Quis pegá-lo, mas não conseguiu. Ao se afastar, disse para si mesma:


- Estão verdes.


O homem que culpa as circunstâncias fracassa e não vê que o incapaz é ele mesmo.


Fábulas de Esopo, L&PM POCKET, pág. 125.