Um cervo premido pela sede foi atrás de uma fonte. Ao se abeberar, viu seu reflexo na água. Ao mesmo tempo que tinha orgulho dos seus chifres que se esgalhavam, mortificava-se com as pernas finas e frágeis.Ao ver surgir um leão, parou de pensar. A perseguição começou.O cervo levou vantagem por se distanciar muito do leão, pois a força dos cervos está nas pernas e a dos leões no coração. Enquanto estava em campo aberto, o cervo manteve uma distância salvadora. Mas, ao entrar num bosque, os chifres se emaranharam nos galhos das árvores; interrompida a fuga, ele caiu nas garras do leão. Quando estava morrendo, disse a si mesmo:
- Pobre de mim! Eu achava que minhas pernas me atrapalhavam e foram elas que me salvaram; acreditava em meus chifres e eles me traíram.
Assim acontece muitas vezes, quando o perigo nos ronda. O amigo em que não acreditávamos nos salva, e aquele com que contávamos nos trai.
ESOPO
Fábulas L&PM Pocket, pág 46.
5 comentários:
Nossa! Realmente, muito boa sacada! E muito bom texto também, gostei muito!
Situações inesperádas sempre acontecem,as vezes acreditamos em algo que não nos serve em nada.
Adoro fábulas!
E tenho esse livro: 'As fabulas de Esopo'.
Parabens pelo blog!
Beijinhos :)
Poxa, impressionante, outro dia estava pensando nisso.
Fico pensando tanto na EY e, de repente, posso não estar vendo outra pessoa que poderia se revelar tão surpreendente quanto ela.
Mas falar é fácil, da boca para fora. Quando entra o coração, tudo muda de figura.
Beijos!
maquiavel, acho que inspirado em esopo, dizia: "traze seus inimigos para perto de ti e quanto a teus amigos, nunca dê as costas a eles".
acredito que ambos, esopo e maquiavel tinham razão. nos resta escutar os antigos com respeito e admirração.
abraço
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