terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Escreve-me - Florbela Espanca

Escreve-me

...Escreve-me! Ainda que seja só

Uma palavra, uma palavra apenas,
Suave como o teu nome e casta
Como um perfume casto d'açucenas!
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Escreve-me!Há tanto,há tanto tempo
Que te não vejo, amor!Meu coração
Morreu já,e no mundo aos pobres mortos
Ninguém nega uma frase d'oração!"
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Amo-te!"Cinco letras pequeninas,
Folhas leves e tenras de boninas,
Um poema d'amor e felicidade!
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Não queres mandar-me esta palavra apenas?
Olha, manda então...brandas...serenas...
Cinco pétalas roxas de saudade...
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Florbela Espanca
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A Carta, por Pierre Bonnard, 1906

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

A Rosa - C. Sednem

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A Rosa
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Ali, no meio do jardim
Uma rosa nasce formosa
No meio do mato e capim,
Muito bela e graciosa.
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Comparada às outras flores,
Ela é sempre a mais bela.
Como se não sofresse dores
Em suas pétalas amarelas.
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Pétalas de um amarelo duradouro,
Cor da luz e da vida.
É cor penetrante, esse louro,
Que as pétalas guardam, queridas
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Pelas borboletas, que vem assistir
Esse espetáculo maravilhoso
E demoram para partir
Deste jardim, tão lustroso.
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C. Sednem

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Yellow Rose, por Michel Naples

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Vita Nuova - Olavo Bilac

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Vita Nuova
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Se ao mesmo gozo antigo me convidas,
Com esses mesmos olhos abrasados,
Mata a recordação das horas idas,
Das horas que vivemos apartados!
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Não me fales das lágrimas perdidas,
Não me fales dos beijos dissipados!
Há numa vida humana cem mil vidas,
Cabem num coração cem mil pecados!
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Amo-te! A febre, que supunhas morta,
Revive. Esquece o meu passado, louca!
Que importa a vida que passou? que importa,
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Se inda te amo, depois de amores tantos,
E inda tenho, nos olhos e na boca,
Novas fontes de beijos e de prantos?!
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Olavo Bilac
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The Kiss, por Gustav Klimt, 1907-1908

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

M.C. Escher


Maurits Cornelis Escher (1898 -1972) foi um artista gráfico holandês conhecido pelas suas xilogravuras, litografias e meios-tons (mezzotints), que tendem a representar construções impossíveis, preenchimento regular do plano, explorações do infinito e as metamorfoses - padrões geométricos entrecruzados que se transformam gradualmente para formas completamente diferentes.
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Algumas Obras de M. C. Esher
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Sky and WaterI, 1938











Day And Night, 1938













Reptiles, 1943

















Drawing Hands, 1948


















Relativity, 1953

















Waterfall,1961





Para finalizar...
Relativity em Lego!

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domingo, 18 de janeiro de 2009

Um Quarto - C. Sednem

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Um Quarto
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Eu quero um espaço
Onde as ideias possam fluir
Onde tudo poderei sentir
Como num abraço.
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Um lugar onde ninguém
Poderá me atormentar
Um lugar em que só você
Poderá me amar
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Um lugar apenas meu,
Onde acolherá meu ser,
Mas também será seu
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Porque juntos, vamos viver,
Pois o que é meu, é teu.

E assim, até morrer...

C. Sednem

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Personal Values, por René Margritte, 1952

O Espelho - C. Sednem

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O Espelho
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À noite, quando fico só,
Vou olhar-me no espelho.
Mesmo sendo ele comigo fedelho,
E também coberto de pó.
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Vejo ali o meu reflexo,
Mas não sei quem eu sou.
É por isso que estou
Completamente perplexo
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Sempre penso em parar,
Mas virou rotina
Ao espelho fico a olhar
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A imagem distorcida,
O espelho parece gargalhar,
Com toda a sua ironia.

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C. Sednem
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Not to be reproduced, por René Magritte, 1937


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A Chuva - C. Sednem

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A Chuva
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A Chuva,
Quando cai docemente
Em gotas turvas,
É tão transparente.
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O seu barulho excitante
Não vê a morte
A chuva é tão fascinante
E parece tão forte
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A menina que olha,
A chuva, sem demora,
Até que se molha,
E então comemora.

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C. Sednem

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Golconda, por Réne Margritte, 1953

sábado, 17 de janeiro de 2009

Meu Mundo - C. Sednem

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Meu mundo
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Quando, em meus pensamentos,
Lembro a fragrância, o odor de seus cabelos
Sinto uma saudade, um tormento,
Quero senti-lo, quero ver-te.
Quero encantá-lo, quero um conselho,
Abraçá-lo e beber-te.
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Como se tu fosses uma bebida,
Eu o beberia até a última gota.
De uma maneira um tanto impulsiva,
Assim sentiria-me leve e solta.
Só depois, embriagada, veria-me caída,
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Porque tu és meu remédio querido,
Meu veneno, minha droga.
Sem tua presença não vivo,
Porque a mim, és tudo.
Se eu fosse um coelho, serias minha toca,
Meu chão tu serias, serias meu mundo.
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- Caroline Mendes
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Pintura de Rodolfo Barral

Remorso - Olavo Bilac

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Remorso
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Às vezes uma dor me desespera...
Nestas ânsias e dúvidas em que ando,
Cismo e padeço, neste outono, quando
Calculo o que perdi na primavera.
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Versos e amores sufoquei calando,
Sem os gozar numa explosão sincera...
Ah! Mais cem vidas! com que ardor quisera
Mais viver, mais penar e amar cantando!
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Sinto o que esperdicei na juventude;
Choro neste começo de velhice,
Mártir da hipocrisia ou da virtude.
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Os beijos que não tive por tolice,
Por timidez o que sofrer não pude,
E por pudor os versos que não disse!
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Olavo Bilac
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At Eternity's Gate, por Van Gogh, 1998













sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Luar - C. Sednem

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Luar

Depois de um longo dia,
Ao olhar o céu, vejo ali
Entres as nuvens, escondida,
A lua cheia, a sorrir
Com um luar assim,
Que mais poderia pedir?
Pois é com grande alegria,

Que vejo a lua, a surgir.
Oh, como eu queria

Tê-la só para mim,
Sem ter que dela me despedir,
Para tê-la, tudo eu faria...

C. Sednem



Starry Night, por Vincent van Gogh, 1889.

















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quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

O Mar - C. Sednem

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O Mar
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As ondas, que vem e vão,
Me dão uma sensação de liberdade.
E quando o mar está calmo,
Sinto uma imensa tranquilidade.
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O mar é um mistério,
Que guarda muitas estórias
Felizes, ou mesmo tristes,
Recheadas de memórias.
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Vendo-o de perto,
Descubro os presentes que o mar dá
Conchas, pedrinhas e peixes,
Enquanto passo a andar
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C. Sednem
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Grande e louco amor - C. Sednem

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Grande e louco amor
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Beija minha boca,
Com teus lábios de mel
Deixa-me louca,
Até sentir-me no céu
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Não pára com isso,
Como é bom amar
Ficamos sem piso,
E passamos a voar.
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Seus olhos, como pedra preciosa,
Em nossos carinhos, ficam brilhantes.
Ah, que noite maravilhosa,
Até as estrelas parecem cantantes.
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Entrego-me, somente a ti,
Que amo, com muito ardor.
Espero que não tenha f
im,
Este grande e louco amor.

C. Sednem


Eros e Psique, de António Canova, esculpida entre 1786 e 1793.






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quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

À meia-noite - C. Sednem


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À meia-noite

Quando, à meia-noite, acordei de repente
Fui olhar-me no grande espelho,
Aquele, de moldura transparente.
Apurei os ouvidos e ouvi o aparelho
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De som, tocando levemente
Uma música triste e melancólica
Só depois que pensei, entrementes,
"Quem ligou esta droga?"
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Foi quando eu vi a janela escancarada
E ao pé da cama, um gato.
No outro lado, perto do aparelho, um controle
Que o animal deve ter pisado
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Uma fúria meu corpo tomou
Mas permaneci calado
Isso logo passou
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E o gato me olhou, arrebitado.
Logo depois, viu a janela e pulou,
E eu voltei a dormir, atordoado.


C. Sednem

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Primeira Postagem!

Olá a todos :D

Primeiramente, vou apresentar o blog. Aqui irei colocar poesias, citações de livros, autores... E também aqui será espaço para divulgar pintores e obras artísticas - além da literatura.
Se alguém se sentir à vontade para me mandar alguma poesia(e torcer para que ela apareça no blog), pode me mandar por e-mail (mendes.aquino@gmail.com).
Também é um objetivo deste blog publicar poesias desconhecidas, que nem por isso são menos importantes - e belas - que as mais conhecidas. ^^


Bem, por enquanto é isso. Espero que gostem e tirem o maior proveito deste blog :D


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