Tenho um livro em casa que se chama "Maravilhas do Conto Chinês". Eu o comprei num sebo, e não existe mais para vender, infelizmente, como tantos livros bons. Mas há um conto que me chamou muito a atenção, e não o encontrei na internet. Por isso queria divulgá-lo. Como ainda estou digitando, vou separá-lo em partes para não ficar cansativo e não ficar muito texto para uma postagem só. Epero que gostem! =D
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Viagem ao interior de um travesseiro
Chen-Tsi-Tsi
No sétimo ano da época Kiai-yuan (712-741), um taoísta, conhecido como Pai Li, errava pela região de Han-tang. Certo dia, em que tivera de se deter numa estalagem de muda, o monge, enquanto esperava, tirou o boné, desapertou o cinto e sentou-se no chão, apoiando o peito contra o saco de viagem.
Nesse instante, entrou na estalagem um jovem vestido com trajes simples de camponês. Chamava-se Lu. De volta dos campos, detivera-se, como de costume, na pousada. Sentou-se na mesma esteira do taoísta e entre ambos logo se entabulou agradável palestra.
Passou-se algum tempo. Olhando tristemente para seu vestuário velho e coçado, o jovem soltou um longo suspiro:
- Dizer que sou homem de bem e que não tenho sorte na vida! Como sou desgraçado!
O velho taoísta ficou surpreso:
- Vendo-vos, ninguém diria que sofreis de algum mal! Por que tão súbito suspiro?
-Arrasto-me pela vida, eis tudo. Não tenho qualquer alegria – Retrucou o jovem, obstinadamente.
- Se isso não é alegria, que mais esperais para ser feliz?
- Um homem de cultura – prosseguiu o jovem Lu, com gravidade – Deve levar a cabo grandes empresas e granjear fama. Deve chegar a general-comandante de um exército expedicionário, ou a primeiro-ministro do Império. É necessário que logre fazer com que prosperem sua família quanto seus bens. Só então poderá falar em alegrias, em abastanças!
Ao cabo de uma pausa, prosseguiu:
- Jovem ainda, apliquei-me ao estudo com ardor e inteligência. Em muitos sentidos, sou homem bem dotado. Acreditei, outrora, poder atingir, sem dificuldade, altas posições na magistratura. Mas, como vedes, aqui estou, homem feito e labutando ingloriamente nos campos. Não é lamentável?
Seguiu-se longo silêncio. O jovem Lu parecia estar prostrado de fadiga e desejoso de cochilar um pouco. Entrementes, o estalajadeiro, absorto, ocupava-se em assar milho na estufa. O velho monge, tirando de sua bagagem um travesseiro, estendeu-o ao jovem:
- Descansai neste travesseiro e alcançareis honrarias e fortuna. À vontade.
Fim da primeira parte.
5 comentários:
Bom dia ;-)
Adoro contos. Estou esperando ansiosamente a continuação.
Abraços.
ola.parabens pelo blog!!
leitura é algo mravilhoso neh?
bjoos,
http://nadadelicada.blogspot.com/
Adoro textos da tradição oriental (meu livro de cabeceira é o tao te king), eles sempre tratam os temas humanos sob uma pespectiva diferente, quase sempre muito prática. vou aguardar a segunda parte para comentar o conto.
quanto ao blog, achei fantástico, desde os tetxos até o layout. continue escrvendo, no seu caso, vale a pena.
abraço, vou seguir o blog.
Heeeeey AMEEEEI o conto , tenho facínio , e ficarei lendo sempre q vc postar
beeeeijo.
aaaah , estou á espereda continuação, vamos ver no q vai dar!
http://laaahsp.blogspot.com/
Em geral, o conteúdo do seu blog eh muito interessante. Gostei da leitura que vc disponibilizou no seu blog. Mas óh... uma dica: Faça textos de sua própria autoria.
Parabéns pelo blog !
visita o meu:
www.tonblogando.blogspot.com
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