sábado, 21 de fevereiro de 2009

Pobre menina - Caroline Mendes


Pobre menina

Vês?
Aquelas pequenas mãos
Que deviam segurar bonecas
E fazer brincadeiras espertas,
Pedem a mim trocados, irmão!

Que faço?
Não é de dinheiro q’ a criança precisa,
É de pais dignos, de uma escola,
É de não pensar no agora,
E ter uma boa saída!

Por quê?
Com ela e não comigo?
Agora e não nunca?
São perguntas profundas,
Que me ardem, amigo!

E agora?
Dou-lhe umas moedas, a querer
Q’ela tenha sorte
E nunca – nunca! – a morte
Da vontade de viver...


Caroline Mendes

Doll on the floor(2008), por Susan Beauchemin







5 comentários:

Antônio disse...

confesso que poemas não me chamam tanta a atenção... mas axu que pra tudo existe uma excessão... e se tratando de problemas sociais, não importa de que forma vc se expressa, tudo é válido para quem tem sede de justiça... e essa realidade retratada no poema, por sinal, muito redigido, é tão comum que nem conseguiríamos notar, se não fosse autores de textos como este para nos alertar.. obrigado !

Muito bom o Blog...
visita o meu... num post, comentei sobre a felicidade, termo relativo e incógnito para muitos, dah uma checada:
www.tonblogando.blogspot.com

feelings. disse...

querida, obrigado pelo comentário. não consigo explicar o quão fico grata quando as pessoas demonstram a opinião pelo meu texto ou pelos meus atos. cada conselho e opinião me ajudam muito. sempre que possível, por favor, continue me ajudando! obrigada, com todo o coração! :~

Eliane Accioly disse...

Caroline,

o poema é tocante, e suas reflexões acerca dele também. Vejo que você se debruça sobre o que fez, e se pergunta o que é o poema. Acho que você descobriu ao se perguntar o que é o poema, que você transcende a si mesma. Além de você está a menina, o mundo. E um mundo cruel. Também poderia ser um mundo alegre?
A arte é dentro e é fora? E nós seres humanos somos dentro e fora? O que são os problemas sociais? Como eles nos afetam? Podemos ser mesmo tempo dentro e fora? Ser o pessoal e o social?

É muito bom poder compartilhar com você este seu momento, essa sua primeira vez. Ser uma interlocura, e ter em você uma interlocução.

Um abraço,

Eliane Accioly

Eliane Accioly disse...

Caroline,

seus comentários do seu processo são tão importantes quanto o poema. É tão bom compartilhar com você essa sua primeira vez, de se trascender, ir além de você e dar a mão a uma menina, no poema. E na vida.

Um beijo,

Eliane

Eliane Accioly disse...

Caroline,

gostei muito do poema e de suas reflexões.
É muito bonito acompanhar v. em sua primeira vez, de ir além dos seus sentimentos "pessoais", e alcançar o social. Acho que poema e seus comentários fazem parte do mesmo pacote, de seu processo.

É incrível, você tem 15 anos!
Continua.

Um beijo,

Eliane