domingo, 25 de outubro de 2009

O assassino era o escriba - Paulo Leminski

O assassino
era o escriba


Meu professor de análise sintática era o tipo do sujeito
inexistente.
Um pleonasmo, o principal predicado da sua vida,
regular com um paradigma da 1ª conjugação.
Entre uma oração subordinada e um adjunto adverbial,
ele não tinha dúvidas: sempre achava um jeito
assindético de nos torturar com um aposto.
Casou com uma regência.
Foi infeliz.
Era possessivo como um pronome.
E ela era bitransitiva.
Tentou ir para os EUA.
Não deu.
Acharam um artigo indefinido em sua bagagem.
A interjeição do bigode declinava partículas
expletivas, conetivos e agentes da passiva, o tempo todo.
Um dia, matei-o com um objeto direto na cabeça.

Paulo Leminski


4 comentários:

Thiago Alves disse...

Muito bom!Leminski é um gênio!!!
Gostei do seu blog!Parabéns!!!Estu te seguindo!

Danillo Salviano disse...

olá tem selinhos para vc no meu blog...

passa lá e aproveite o momento!

Guilherme Ferreira disse...

HAHAHA

eu gosto desse:
"O pauloleminski
é um cachorro louco
que deve ser morto
a pau a pedra
a fogo a pique
senão é bem capaz
o filhodaputa
de fazer chover
em nosso piquenique"

;)

Janine disse...

gostei, ja li outros de Paulo Leminsk, legais :D